Um gigante adormecido, onde um “curto” ciclo com resultados menos positivos faz questionar tudo e todos, mas com inteira propriedade, até porque os problemas estão instalados nas raízes da atualidade do Barcelona, dos gabinetes diretivos ao balneário da equipa, onde Messi é rei. 2020, um ano para esquecer na Catalunha, onde o caos máximo culminou com uma humilhação história, em Lisboa, diante do Bayern.
A CRISE QUE AMEAÇA MAIS UMA ÉPOCA EM BRANCO NO BARCELONA
Campeão nacional espanhol em oito das últimas 12 temporadas já concluídas, num período onde se junta a conquista de três Ligas dos Campeões (duas ainda com Pep Guardiola, outra com Luis Enrique), o Barcelona parece andar pelas ruas da amargura, deitando um curto olhar analítico ao que tem sido este primeiro terço de 2020/21.
A época de 2019/20, cuja segunda metade se insere no ano civil de 2020 com uma duração nunca antes vista (devido à interrupção do campeonato espanhol e do futebol por todo o Mundo, pela paralisação global provocada pela pandemia), já foi para esquecer, com derrotas sucessivas e algumas com contornos escandalosos.
Com responsabilidades partilhadas entre Ernesto Valverde e Quique Setién, o Barcelona falhou todos os objetivos: terminou em 2.º lugar a La Liga, oferecendo de bandeja o título ao Real Madrid, caiu nos quartos-de-final da Liga dos Campeões com uma humilhação que jamais será esquecida contra o Bayern (os 2-8 de Lisboa), ficou-se também pelos quartos-de-final da Taça do Rei e até na Supertaça Espanhola caiu nas meias-finais de acesso à final, no novo formato da prova.
Curiosamente, todos estes falhanços surgiram na antecâmara da última temporada do atual contrato que liga Lionel Messi ao Barcelona, um clube que viveu os últimos 15 anos quase na sombra do seu próprio astro maior, tal o tamanho da influência que o craque argentino tem tido nos sucessos “culés” na última década e meia.
Esta terça-feira, sem Messi (que teve direito a férias de Natal prolongadas como estrela que é, ainda que Koeman tenha apontado «dores no tornozelo» como o motivo), o Barcelona tornou a fazer uma coisa que tem sido apanágio, em 2020/21, no campeonato espanhol: desperdiçar pontos (já são mais os jogos em que o ‘Barça’ empatou ou perdeu do que aqueles em que venceu).
Na receção ao modesto Eibar, a equipa catalã não conseguiu cumprir o favoritismo de 1.35 (na Betano) e empatou (1-1), numa tarde para esquecer, com penalty falhado de Braithwaite, um golo anulado por curtos centímetros ao avançado dinamarquês e, ainda, um golo sofrido primeiro (57’).
Um resultado que deixa os “culés” no 6.º lugar da classificação de La Liga, a sete pontos de distância do líder Atlético Madrid, que até tem menos dois jogos realizados, podendo, assim, aumentar esse fosso para 13 pontos.
A INSATISFAÇÃO DE MESSI E O CURTO FUTEBOL APRESENTADO PELO BARCELONA
Acredito piamente, até como tinha referido já no início da temporada noutro artigo sobre o Barcelona, que o fraco rendimento da equipa não está, de todo, dissociado da novela protagonizada por Leo Messi no último verão.
Faltam seis meses para o final do seu contrato com o clube de uma vida, a renovação serve de prato de campanha eleitoral para alguns dos candidatos à sucessão de Bartomeu, mas tarda em aparecer fumo branco e são muitas as notícias que apontam vários destinos a Messi que não Camp Nou.
Aproxima-se um final de ciclo sob o reinado do argentino e o trabalho da próxima direção será fulcral para o futuro a curto/médio prazo do Barcelona, sendo, quanto a mim, necessário um pulso firme e capaz de colocar os interesses coletivos da equipa acima dos egos individuais no balneário catalão (Xavi?).
AS ELEIÇÕES DE JANEIRO E AS DECLARAÇÕES DE MESSI SOBRE O SEU PRÓPRIO FUTURO
Alvo de forte contestação nos últimos tempos e tido como maior responsável pela vontade de Messi em abandonar a Catalunha, Josep Maria Bartomeu apresentou a própria demissão em outubro passado, precipitando ainda mais o cenário de eleições antecipadas.
Há cerca de duas semanas, foi tornada pública a data para a realização do próximo ato eleitoral no Barcelona, marcado para menos de dentro de um mês, a 24 de janeiro próximo.
Numa entrevista concedida ao canal La Sexta, ‘La Pulga’ falou sobre a novela do último verão, teceu duras críticas a Bartomeu e abordou, pela primeira vez depois de decidir ficar no Barcelona, o final de contrato e o futuro.
«Bartomeu enganou-me demasiadas vezes durante muitos anos. Não houve um clique, foi todo um caminho. Conheço bem este clube e o último ano foi muito duro. A época anterior também foi pela forma como fomos eliminados da Champions», referiu, em alusão ao vexame sofrido contra o Bayern, no Estádio da Luz.
Sobre o futuro, Messi esclareceu que:
«Não tenho nada decidido e vou esperar até ao final da temporada. Estou apenas concentrado em ganhar títulos, não noutros temas. Não sei se vou sair ou não, mas se sair quero que seja da melhor forma. Gostava de voltar à cidade e de trabalhar no clube. O Barcelona é maior que qualquer jogador. Espero que o presidente que vier faça as coisas da melhor forma».
Mais objetivamente, o argentino lembrou que já «disse que gostava de experimentar a liga dos Estados Unidos, mas não é para agora. Este momento não é o mais indicado para dizer o que vai acontecer no final da época, porque nem eu sei», rematou.
Segundo as odds nas casas de apostas, o Barcelona (5.60) corre bem atrás de Atlético Madrid (2.00) e Real Madrid (2.05) na luta pelo título de campeão espanhol em 2020/21.