Seguindo a orientação que a tabela classificativa da última edição do campeonato português nos oferece, este será mais um artigo da série que se debruça sob a análise às mudanças feitas pelas equipas e à projeção do que poderão vir a fazer em 2020/21. Marítimo e Gil Vicente juntam-se no escrutínio a um dos clubes que tem estado em particular evidência no mercado, o Boavista.
NO BOAVISTA, INVESTE-SE EM DIREÇÃO À EUROPA
Já é conhecido o interesse de Gerard López (investidor principal e dono do Lille) em ter parte da SAD axadrezada nas suas contas e, embora ainda não esteja nada oficializado, a verdade é que os primeiros efeitos dessa mais que provável pareceria do empresário francês com o Boavista já está a dar os primeiros frutos.
Os nomes mais sonantes que chegaram ao Estádio do Bessa para catapultar a equipa outrora orientada por Daniel Ramos (já lá vamos ao novo treinador) são, de caras, os de Javi García e Adil Rami.
Duas peças com experiência internacional e com provas dadas em clubes de grande exigência, resta perceber que, depois de um 2019/20 pouco conseguido, ainda terão capacidade – e sobretudo vontade – para competir ao mais alto nível.
Mas os sinais dos tempos de mudança no Boavista não se ficam por aqui. Contratações como as de Léo Jardim (guarda-redes), Angel Gomes (ex-Manchester United, emprestado pelo Lille) ou Reggie Cannon (lateral-direito internacional norte-americano ex-Dallas FC) darão, sem dúvida, um acrescento de qualidade a um plantel que perdeu jogadores como Carraça, Cassiano, Helton Leite, Mateus ou Idris.
E quem será o timoneiro? Vasco Seabra. O jovem treinador de apenas 36 anos de idade é uma aposta arrojada e arriscada por parte do Boavista, que dará a Seabra a segunda oportunidade da sua curta carreira no primeiro escalão, depois de uma campanha interessante ao serviço do Mafra, na LigaPro.
Na estreia na Liga 20/21, o Boavista não conta, apesar do forte investimento, com o favoritismo (3.10) da Betano. A justificação dá-se pelo facto de jogar fora, na Madeira, diante recém-promovido Nacional (2.45).
EQUILÍBRIO É O QUE SE PRETENDE NA MADEIRA
Há várias épocas longe de deslumbrar e afastado da luta pelas competições europeias a que nos habituou em tempos idos, o Marítimo procura uma temporada de 2020/21 onde consiga cimentar-se na zona intermédia da classificação, depois de uma reta final de campeonato interessante sob a batuta de José Gomes, que saiu para rumar aos espanhóis do Almería (La Liga 2).
Para o lugar do antigo treinador do Rio Ave, chegou o astuto Lito Vidigal, que salvou da descida (em campo) o Vitória Futebol Clube nas últimas quatro jornadas da última Liga.
Com 51 anos e uma mentalidade extremamente focada no processo defensivo, Vidigal representará o sexto clube dos últimos cinco anos na sua carreira (iniciou 2019/20 no Boavista, de onde saiu sem se perceber muito bem porquê).
Às saídas de Marcão, Fabrício, Erivaldo, João Gamboa e Jhon Cley, junta-se a entrada de oito atletas, na sua maioria de qualidade desconhecida do grande público.
À base do plantel que, para já, o Marítimo conseguiu manter, juntam-se as contratações de maior destaque de Rafik Guitane (jovem médio emprestado pelo Rennes com valor de mercado de 2.70M€), Marcelo Hermes (lateral-esquerdo ex-Cruzeiro que chegou a passar pelos quadros do Benfica) e Ali Alipour (avançado internacional iraniano que conta com 34 golos marcados em 66 jogos pelo Persepolis).
Na 1.ª jornada do campeonato, o Marítimo terá um “derby” das regiões autónomas na visita a São Miguel, para defrontar o Santa Clara (2.25), onde tentará contrariar o estatuto de underdog nas casas de apostas (3.50), com o Empate a ser um cenário relativamente provável (2.86).
HERANÇA PESADA EM BARCELOS
De regresso ao principal escalão depois de ganhar em tribunal no “Caso Mateus”, proveniente diretamente da terceira divisão em 2019/20, o Gil Vicente realizou uma campanha extremamente coesa e equilibrada, com méritos mais do que reconhecidos para o trabalho desempenhado pela “raposa” Vítor Oliveira.
Não é do domínio público o porquê da mudança de treinador, sendo que Oliveira até chegou a referir-se publicamente à sua saída com o que considerei ser algum tipo de mágoa. Não é para menos, a avaliar pelo trabalho feito na última época.
O sucessor de Vítor Oliveira é o “desconhecido” Rui Almeida, que abraçou a aventura como treinador principal depois de vários anos como adjunto de Jesualdo Ferreira. Desde 2015, o técnico lisboeta de 50 anos esteve sempre por terras gaulesas, onde orientou as equipas do Red Star, Bastia, Troyes e Caen.
Em Barcelos, Rui Almeida terá de lidar com o peso das expectativas geradas pela última campanha do Gil Vicente, que, inclusive, perdeu várias das suas figuras de 2019/20, com destaque para as saídas de Bozhidar Kraev (regressou do empréstimo ao Mitdtjylland) e de Sandro Lima (que rumou ao futebol chinês, para o Tianjin Teda).
Com cerca de 13 jogadores contratados até ao momento neste mercado de transferências, Rui Almeida terá muito trabalho pela frente para montar um grupo coeso e equilibrado, que lhe permita, no mínimo, caminhar tranquilamente na luta pela manutenção.
Os jogadores que gerarão, até ver, maior expectativa serão o brasileiro Lucas Mineiro (médio que chega da Chapecoense, por empréstimo, com valor de mercado de 1M€) e o japonês Kanya Fujimoto (ala-direito emprestado pelo Tokyo Verdy).
O tiro de partida na nova edição da Liga Portuguesa para o Gil Vicente será na visita a um dos palcos mais conhecidos do futebol português.
No Estádio José Alvalade, os gilistas (cuja vitória cota a 7.65 na Betano) não terão, previsivelmente, vida fácil contra o Sporting (1.38).