Linha de Apoio 96 82 309 98
O Instituto de Apoio ao Jogador (IAJ) mudaram a sua focalização, e começam agora a dar mais importância aos jogadores online.
Os pedidos de ajuda têm aumentado e registaram um “crescimento enorme” sobretudo equiparados aos problemas relacionados com casinos, afirmou o psicólogo Pedro Hubert.
Conforme afirmou a IAJ, os pedidos de ajuda aumentaram através da linha de apoio com o Nº 968230998 e também na marcação de consultas mas o perfil de quem pede ajuda também tem mudado.
Antes os pedidos centravam-se dos jogadores de casino, sobretudo aqueles que apostavam nas “slot machines”, mas agora a constatação é outra, os pedidos subiram e sobretudo relacionados com os jogos online.
Nos jogos online a principal incidência vai para as apostas desportivas e o poker online, segundo afirmou o psicólogo que e coordenador do IAJ.
As ajudas que entram no centro de Apoio relatam também pessoas com problemas ligados aos vídeo jogos, onde se revela uma faixa etária na fase da adolescência e sobretudo frequentadores de Universidades. Aqui o problema nem é o dinheiro envolvido, mas sim a insucesso escolar, o isolamento, problemas familiares e numero de horas em que os jovens adolescentes passam a jogar.
Estima-se segundo dados do IAJ que alguns jovens passam a jogar cerca de 14 a 16 horas por dia.
Voltando ao problema que está a preocupar a Instituição, os pedidos de ajuda e envolvendo dinheiro, ora online ora offline, esta é feita por familiares (50 a 60%), nos videojogos 99 ou melhor 100% é feita mesmo pelos pais, porque os jovens, esses nunca pedem ajuda.
Damos a conhecer através de um relato pessoal de um apostador que através de um nome fictício, Rui, dá-nos a sua visão do que é estar do outro lado.
Aconselhamos a leitura atenta, pois quem sabe não podemos através deste artigo, ajudar alguém que se sinta na mesma situação, e que com isso, toma a atitude indicada – pedir ajuda!
Após anos a apostar online e muitas noites mal dormidas a pensar em esquemas para arranjar dinheiro para jogar e recuperar o que já tinha perdido, Rui (nome fictício) decidiu que era altura de pedir ajuda.
Em 2001, tinha então 30 anos, Rui começou a jogar de forma lúdica, “sem qualquer tipo de compulsão”, sendo as apostas desportivas online o seu “jogo de eleição”.
Mais tarde, em 2013, passou por alguns problemas de saúde e conjugais que o levaram a “jogar mais compulsivamente, com valores de apostas superiores”, como contou à Lusa.Jogava sempre no horário de trabalho. “Se trabalhasse oito horas estaria a apostar e a seguir jogos durante esse tempo”, admitiu.
Na fase mais aguda da compulsão havia dias em que chegava “a jogar, entre ganhar e perder, 500 a mil euros por dia”, contou.
Quando a família descobriu o seu vício, Rui ficou uns tempos sem jogar, “mais por não poder do que por não querer”, e teve de sair de casa onde morava com a mulher e os filhos.
“Fui viver para outra casa e passado um tempo, voltei a recair e foi nessa recaída que cheguei à conclusão que sozinho não conseguia resolver o meu problema de jogo”, contou Rui.
No próprio dia, ligou para os Jogadores Anónimos, falou com “um companheiro”, e foi à primeira reunião. Uma semana depois teve a primeira consulta no instituto.“Foi aqui que começou o meu processo de recuperação e felizmente as coisas têm estado a correr bem”, disse Rui, contando que, nos primeiros seis meses, frequentou mais de 50 reuniões dos Jogadores Anónimos e tinha consultas semanais.
Está há oito meses sem jogar, mas confessa que “a vontade” permanece. “Eu sou um jogador e hei de ser o resto da vida”, porque “gosto de jogar”.
“O que tenho tentado fazer é munir-me de ferramentas que considero válidas e necessárias para conseguir ter o jogo cada vez mais controlado e distante da minha vida e isso passa muito pelas consultas, pelas reuniões dos jogadores anónimos, pelo nosso querer e pelas estratégias que vamos adotando na vida”, disse.
Uma das estratégias que arranjou foi entregar todas as suas finanças, desde cartões de crédito, acesso a ‘homebaking’ e transferências bancárias a um amigo e receber uma semanada.
O que mais valoriza na recuperação é a tranquilidade que sente quando se deita, “sem sentimentos de culpa, sem pensar no jogo. Não há nada que pague isso”.
Segundo o coordenador do IAJ, as taxas de recuperação, “independentemente de haver uma ou outra recaída”, rondam os 60%, valores que vão ao encontro dos de outros centros europeus e norte-americanos.
Fonte: Noticias ao minuto