Peru Mundial 2018 – Guia e Análise
Trajeto na qualificação:
Histórico! Após 36 anos de ausência, o Peru volta a disputar a que será sua 5ª Copa do Mundo, mundial 2018.
Fora desde 1982, a trajetória peruana rumo à Rússia é digna de série, e ainda aguarda o “season finale”.
Expectativa, crise, superação, angústia, glória e polêmica. Última equipe classificada, o Peru chegou a estar ameaçado de ser excluído da competição e ainda tem dúvidas quanto à participação de sua grande estrela, esperança da equipe para um bom mundial.
Como não poderia deixar de citar, o começo dessa grande trajetória do Peru se inicia com a contratação de seu comandante. Após um trabalho ruim no Palmeiras/BRA, em março de 2015 o argentino Ricardo Gareca assumiu o comando da seleção.
Um treinador questionado e um elenco desacreditado. Receita para o fracasso? Em seu primeiro trabalho, a Copa América. A equipe caíra em um grupo difícil, com Brasil e Colômbia, além da Venezuela.
Com o trabalho recém iniciado, a missão era simples, fazer um papel digno, mas a equipe foi além.
Classificou-se em 2° em seu grupo e venceu a Bolívia nas quartas-de-final (3×0, com 3 gols de Paolo Guerrero), caindo nas semifinais frente ao Chile, dono da casa e futuro campeão, num jogo equilibrado (1×2). A seguir ainda venceu o Paraguai (2×0, Carrillo e Guerrero), conquistando o 3° lugar da competição.
Com os bons resultados a sensação era de que finalmente se tinha um conjunto capaz de levar o país de volta à Copa. O começo das Eliminatórias, meses depois, entretanto, trataram de colocar os peruanos de volta à realidade.
Em 6 jogos (um terço do campeonato), a equipe conquistara apenas 1 vitória, 1 empate e 4 derrotas, ocupando, naquele momento, a penúltima posição.
Foi então que as coisas começaram a entrar nos eixos: nos 3 jogos seguintes, duas vitórias e um empate contra a então melhor do mundo segundo o ranking FIFA, Argentina.
O ápice do Peru, e de toda a competição, ocorreu a partir da 16ª rodada. Faltando 3 jogos, 7 equipes brigavam por 3 vagas diretas e uma quarta para repescagem.
Nesse momento, apenas o Brasil já estava classificado, enquanto Bolívia e Venezuela não tinham mais chances. A classificação era a seguinte:
2° 25 Colômbia
3° 24 Uruguai
4° 23 Chile
5° 23 Argentina
6° 21 Peru
7° 21 Paraguai
8° 20 Equador
Para azar dos peruanos, dos 7 concorrentes era a equipe com a tabela mais difícil: enfrentaria três adversários diretos, dois deles fora.
No primeiro jogo uma façanha: visitou e derrotou por 2×1 o Equador, adversário historicamente muito difícil de ser batido em seus domínios.
No jogo seguinte, novamente a Argentina em seu caminho, dessa vez em “La Bombonera”, na Argentina, com a Argentina precisando vencer para garantir a classificação.
Nova façanha, segurou um 0x0. Assim, a última rodada se iniciaria da seguinte maneira, com o Uruguai também já classificado:
3° 26 Chile (x Brasil, fora)
4° 26 Colômbia (x Peru, fora)
5° 25 Argentina (x Equador, fora)
6° 25 Peru (x Colômbia, em casa)
7° 24 Paraguai (x Venezuela, em casa)
A expectativa era que o Paraguai, jogando em casa contra um adversário fraco, fizesse seu papel. Com isso, o confronto entre Peru x Colômbia virou uma final de campeonato.
A partida se iniciou com equilíbrio, encerrando a primeira etapa no 0x0. Para desespero do estádio, lotado, James Rodriguez abriu o placar para a Colômbia aos 10 minutos da segunda etapa.
Naquele momento o Peru ia ficando de fora da Copa do Mundo. A esperança voltou quando, aos 30 minutos, Paolo Guerrero empatou o jogo, colocando de volta o Peru em 5°
mas sob grande risco, já que naquele momento o Paraguai ainda empatava com a Venezuala por 0x0 e o Chile perdia para o Brasil por 2×0, ficando com saldo de 0, enquanto o Peru mantinha saldo de +1, ou seja, um gol de qualquer deles os colocariam na frente do Peru. Ambos pressionavam.
O Chile apertava o Brasil, e o Paraguai amassava a Venezuela, até que, aos 84 minutos a Venezuela surpreendeu e abriu o placar contra o Paraguai e, finalmente, no último lance o Brasil fez o 3° gol, eliminando o Chile e garantindo o Peru em 5° lugar pelo saldo de gols, posição que o classificava para disputar uma repescagem contra a Nova Zelândia, campeã da Oceania, para festa de toda uma nação.
Diante da grande euforia pela possibilidade de voltar à Copa, uma notícia abala o coração de cada peruano: uma semana antes da disputa contra a Nova Zelândia, Paolo Guerrero, artilheiro da equipe e ídolo nacional, é flagrado no antidoping e suspenso provisoriamente, desfalcando a seleção na repescagem.
No jogo de ida, na Nova Zelândia, o jogo terminou em 0x0. E foi assim que no dia 15 de novembro de 2017, uma quarta-feira, toda a nação parou para respirar futebol e acompanhar o jogo decisivo, no Peru.
No país não se falava em outra coisa. Apresentadores de jornais, normalmente com trajes sociais, apareciam na TV com a camisa da seleção, famílias inteiras se reuniam em suas casas e milhares de pessoas iam às ruas para assistirem ao jogo em telões instalados em várias praças de diversos municípios.
E a equipe, sentindo essa energia, começou o jogo pressionando. E foi aos 27 minutos da primeira etapa que a torcida explodiu. Após boa jogada de Cueva pela esquerda, Farfán abriu o placar.
Àquela altura a confiança na classificação já era alta, mas a certeza veio aos 65, quando, após escanteio cobrado por Cueva, Christian Ramos dominou na área e fuzilou para garantir o 2×0 e levar à loucura os quase 32 milhões de peruanos
que só aguardaram o árbitro apitar o fim do jogo para celebrar o retorno à Copa após 36 anos distante, tornando-se a última seleção a garantir sua vaga na Copa da Rússia 2018.
Dias depois, entretanto, a euforia deu lugar à apreensão. O resultado da contraprova de doping de Guerrero confirma o positivo, o atleta é suspenso por 1 ano e começam a surgir informações de que, por ter usado um atleta dopado nas Eliminatórias, o Peru seria excluído da Copa do Mundo, dando lugar à Itália.
Os boatos da exclusão são desmentidos e, dias depois, a punição de Guerrero é reduzida de 1 ano para 6 meses,
RESULTADOS E CAMPANHAS
Copa América: 3° lugar entre 12 participantes, com 6 jogos, 3 vitórias, 1 empate e 2 derrotas. Foram 8 gols marcados e 5 sofridos.
Eliminatórias: 5° lugar entre 10 participantes, com 18 jogos, 7 vitórias, 5 empates e 6 derrotas. Foram 27 gols marcados (3° melhor ataque, atrás apenas de Brasil e Uruguai) e 26 sofridos.
Amistosos Pré-Copa: 10 jogos, 6 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. Foram 19 gols marcados e 8 sofridos:
2018
3×1 Islândia (F)
2×0 Croácia (C)
2017
3×1 Jamaica (C)
1×0 Paraguai (C)
2016
4×0 Trinidad & Tobago (C)
3×1 El Salvador (C)
2015
1×1 Colombia (F)
1×2 EUA (F)
1×1 Mexico (C)
0x1 Venezuela (C)
Em termos gerais, o Peru não é derrotado desde novembro de 2016, quando perdeu para o Brasil por 2×0 em casa pelas Eliminatórias.
Nesse período, foram 11 jogos, 7 vitórias e 4 empates, incluindo Eliminatórias, repescagem e amistosos. 6 desses confrontos foram contra adversários que estarão na Copa do Mundo.
FICHA TÁTICA
Tática mais comum: 4-2-3-1.
11 mais comum: Gallese; Corzo, Ramos, Rodríguez e Trauco; Tapia, Yotún, Flores (Farfán), Cueva e Carrillo; Guerrero.
Estilo de jogo: compactação e posse de bola
Pênaltis: Cueva, Guerrero e Trauco.
Escanteios: Cueva e Trauco.
Faltas próximas: Cueva, Guerrero e Trauco.
Jogadores em Destaque: Jefferson Farfan – Lokomotiv Moscou
Jefferson FARFÁN, atacante, é o camisa 10 do Peru. Nem sempre é titular do time, mesmo assim é uma das referências.
Atualmente tem 33 anos de idade, sendo ao lado de Guerrero e Pizarro os jogadores peruanos mais famosos na Europa.
Com boas passagens pelo PSV/HOL (2004 a 2008, sendo campeão holandês com o clube nas 4 temporadas) e Schalke 04/ALE (2008 a 2015, vencendo a Copa da Alemanha na temporada 2010/2011).
Desde 2017 defende o Lokomotiv Moscou, sendo titular da equipe que é atual campeã local.
Por atuar na Rússia, deve ser bastante celebrado na Copa do Mundo.
Jogadores em Destaque: Christian Cueva – São Paulo
Christian CUEVA é o camisa 8 do time, mas na prática exerce o papel de 10. Tem 26 anos de idade e atualmente defende o São Paulo/BRA.
Cueva não é um jogador de renome, tem apenas uma curta passagem pela Europa, quando atuou por empréstimo ao Rayo Vallecano/ESP, jogando em apenas duas partidas.
Teve como destaque em clubes as passagens pelo Toluca/MEX, na temporada 2015/2016, quando foi um dos destaques do time, e as temporadas 2016 e 2017 pelo São Paulo. Atualmente é reserva da equipe
mas muito pela clara prioridade que o atleta dá à Copa do Mundo em detrimento do clube. Apesar desses poucos momentos de destaque, Cueva é, tecnicamente, o melhor jogador do Peru.
É o responsável pela criação da equipe e pelas bolas paradas, e é dos pés dele que pode sair algo diferente da equipe.
Jogadores em Destaque: Paolo Guerrero – Flamengo
Pode não Jogar o Mundial por suspensão de Doping
Paolo GUERRERO, atacante, camisa 9 do Peru. Com 34 anos, Guerrero é, sem dúvida, o grande ídolo nacional e grande estrela da equipe.
Sua participação na Copa do Mundo ainda é incerta em razão de seu recente flagrante no exame antidoping.
A dúvida da presença de Guerrero põe em dúvida toda a capacidade do Peru, já que possui papel fundamental na equipe.
Foram dele, por exemplo, os 3 gols que classificaram o Peru na Copa América e o gol contra a Colômbia, no último jogo das Eliminatórias, que deram ao Peru a chance de disputar a repescagem e garantir a vaga na Copa.
Atualmente, Guerrero defende o Flamengo/BRA. Antes disso, teve boas passagens pelo Bayern/ALE (2004 a 2006) e foi ídolo no Hamburgo/ALE (2006 a 2012) e Corinthians/BRA (2012 a 2015).
Como títulos de destaque, possui 2 títulos nacionais pelo Bayern e outro pelo Corinthians. Por este último conquistou, ainda, o Mundial de Clubes da FIFA, marcando o gol da vitória por 1×0 contra o Chelsea em 2012.
Em 2015 foi indicado ao prêmio de melhor do mundo pela FIFA.
O Comandante
Ricardo Gareca – Argentino, 60 anos, Ricardo Gareca é um ex-jogador de futebol que atuava como atacante.
É conhecido por “El Tigre”. Como atleta, fez grande sucesso na América do Sul nos anos 80 e começo dos anos 90, defendendo de forma destacada o Boca Juniors/ARG, o River Plate/ARG, o América de Cali/COL, Velez Sarsfield/ARG e Independiente/ARG.
Gareca iniciou sua atuação como treinador em 1995 no San Martin Tucuman/ARG. Em 1996 foi para o Talleres/ARG. Em sua segunda passagem pelo clube, em 1998, conquistou seu primeiro título, sendo campeão da 2ª Divisão Argentina.
No ano seguinte, nova conquista, dessa vez internacional: a Copa Conmebol de 1999. Depois disso, teve passagens pela equipes argentinas Independiente, Colón, Quilmes e Argentinos Juniors; e pelas equipes colombianas América de Cáli e Santa Fé. Em 2007, foi contratado pela equipe peruana Universitário onde conquistou o Campeonato Peruano (Apertura) em 2008.
Em 2009, retornou à Argentina para treinar o Vélez Sársfield conquistando o Campeonato Argentino (clausura) desse mesmo ano, o vice no ano seguinte (apertura), o terceiro lugar na Copa Libertadores da América de 2011, um novo Campeonato Argentino em 2011 (clausura), 2012 (Inicial), a Super Final 2012-13.
Com o sucesso na Argentina, em 2014 Gareca foi convidado e aceitou dirigir o Palmeiras/BRA, mas após 3 meses, 13 jogos e um aproveitamento de apenas 33%, foi demitido.
Finalmente em 2015 Gareca foi convidado a defender o Peru, com a difícil missão de possibilitar ao Peru disputar outra Copa. E foi justamente Gareca quem os impediu pela última vez, em 1986.
Argentina e Peru disputavam o 1° lugar de seu grupo nas Eliminatórias daquele ano. O vencedor se classificaria à Copa, o derrotado participaria de uma repescagem.
Como naquele momento liderava o grupo, a Argentina jogava pelo empate. Até os 81’ o Peru vencia por 1×0 quando Gareca, atacante argentino, converteu o gol de empate, mandando o Peru para a repescagem, onde perderia para o Chile, ficando de fora daquele mundial, que inclusive foi vencido pela Argentina e sem a participação de Gareca, que acabou de fora da lista final.
Antes carrasco, hoje Gareca é tido como uma das grandes lendas do país.
Pontos Positivos
1) A principal virtude do Peru é seu técnico. Ricardo Gareca é muito estudioso e, embora mantenha uma espinha tática, consegue adaptar sua equipe ao adversário. Com certeza estudará muito bem seus rivais na competição e tentará anular suas principais forças.
2) Outro ponto forte, que também decorre do treinador, é o sistema de jogo, bastante compacto, deixando poucos espaços para criação.
Em 2017 e 2018, foram apenas 8 gols sofridos em 12 jogos, média de 0,5 por partida, isso enfrentando seleções como Uruguai, Colômbia, Argentina e Croácia.
Pontos Negativos
1) A incerteza sobre a presença ou não de Paolo Guerrero devido ao caso do doping é algo que certamente preocupa a comissão técnica, os jogadores e toda uma nação;
2) A inexperiência internacional. Individualmente poucos dos jogadores tem grande carreira internacional, e a seleção como conjunto também, tendo em vista não jogarem um mundial desde 1982. Em um campeonato curto detalhes podem pesar.
Análise dos jogos da Primeira Fase
Peru vs Dinamarca – 16/06/2018 – 17:00 – Mordovia Arena – Saransk
A Dinamarca fez um final de Eliminatórias espetacular, com 4 vitórias e 2 empates, sendo duas dessas vitórias goleadas, uma contra a forte Polônia e outra contra a competitiva Irlanda, no jogo decisivo dos Playoffs.
Depois disso, entretanto, os resultados não chamaram a atenção. Foram 4 amistosos com 1 vitória (1×0 contra o modesto Panamá), 1 empate (0x0 contra o Chile) e 2 derrotas (2×3 contra a fraca Jordânia e 0x1 contra a Suécia).
O detalhe é que os bons resultados foram contra Panamá e Chile, seleções escolhidas para se basear no estilo do Peru.
Vejo o Peru, entretanto, mais forte que o Panamá, e obviamente mais motivado que o Chile, à época recém não classificado para a Copa.
O Peru também tentou espelhar seus adversários pensando na Dinamarca, e por isso enfrentou em amistosos a Islândia e a Croácia, duas seleções europeias que estarão na Copa, e venceu ambas: 3×1 e 2×0 respectivamente.
Assim, se Guerrero jogar, que é o mais provável, vejo o Peru com leve favoritismo.
Peru vs França – 21/06/2018 – 16:00 – Ekaterinburg Arena – Ekaterinburg
O segundo confronto é contra a França, e aqui não vejo muitas chances. Mas também não espero goleada.
A França é uma das grandes favoritos ao título da Copa do Mundo, por isso se tudo correr dentro do esperado conquista 9 pontos no grupo
mas por tudo que o Peru tem apresentado, inclusive com bons resultados frente a seleções de igual grandeza, como Brasil e Argentina, não espero uma goleada.
Peru vs Australia – 26/06/2018 – 15:00 – Olimpiyskiy Stadion Fisht – Sochi
O confronto final, frente à Austrália, é o menos complicado.
Como não estamos falando de nenhuma seleção de elite, é claro que o Peru deverá ter dificuldades, mas é o único jogo em que eu apostaria uma vitória.
Naturalmente que também vai depender da motivação que cada uma das duas seleções vai entrar para esse confronto, mas encaro o Peru como uma seleção um pouco mais forte.
Até Onde pode Chegar
O Peru está no Grupo C da Copa do Mundo, ao lado de França, Dinamarca e Austrália. O favoritismo é claramente francês, enquanto as demais devem brigar pela segunda vaga, que é o grande objetivo do Peru.
Vejo Peru, Dinamarca e Austrália com níveis não tão distantes, por isso é muito difícil fazer um prognóstico aqui. Se eu fosse palpitar, diria que a Austrália começa um pouco atrás das outras duas, e o jogo de estreia do Peru é justamente contra a Dinamarca.
Dito tudo isso, enxergo o Peru como tendo condições de avançar de fase. Como já dito, exceção à França, existe um equilíbrio entre as outras 3 seleções, com Dinamarca e Peru levemente acima.
É possível, portanto, que a equipe consiga o 2° lugar e avance às oitavas-de-final. Nesse caso, deverá pegar Argentina ou, o mais provável, a Croácia.
Por coincidência, Peru enfrentou recentemente ambas as seleções, e não perdeu. 0x0 contra a Argentina e 2×0 na Croácia, mas sinceramente acho que o Peru não teria condições de avançar daí e perderia tanto se enfrentasse a Argentina quanto se enfrentasse a Croácia, novamente sem ser goleado pra qualquer das duas.
Em resumo, o Peru entra com objetivo de passar da primeira fase. Olhando o grupo, o trabalho será difícil, mas não seria nenhuma zebra. Nas oitavas o nível do adversário sobe e acho que o Peru não consegue passar.
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Autor: Felipe Braga aka felipesjc