Na sequência de um investimento milionário promovido pelo empresário Gerard López, mais conhecido por ser dono do Lille, o Boavista está a ter grandes dificuldades para apresentar o futebol e os resultados que as expectativas criaram no seio dos seus adeptos, aquando do início da temporada. Que parte da culpa tem Vasco Seabra?
INVESTIMENTO LUXEMBURGUÊS TARDA EM TER O RETORNO ESPERADO NO BOAVISTA
Os primeiros sinais – bastante evidentes – foram dados até ao fecho do último mercado de transferências, mas, segundo a imprensa francesa, a compra da SAD do Boavista já estará mesmo consumada, da parte de Gerard López, empresário luxemburguês que detém as ações maioritárias das SADs do Lille e dos belgas do Mouscron (treinado por Jorge Simão), além de já ter sido acionista maioritário da escuderia da Lotus (Fórmula 1).
A compra terá sido realizada após a votação levada a cabo pelos sócios do Boavista, em outubro passado, em assembleia geral de caráter extraordinário, onde os votos a favor chegaram aos 299, a que se juntaram nove abstenções, sem nenhum voto contra.
De acordo com o presidente Vítor Murta, o objetivo da parceria com López (que terá agora voz ainda mais ativa nos negócios do clube, que podem, naturalmente, afetar diretamente o rendimento desportivo) passa por fazer ressurgir o ‘Boavistão’ (campeão nacional em 2000/01) sem perder a identidade.
Ora, trazer de volta um Boavista capaz de ser suficientemente competitivo para lutar pelos lugares mais altos da classificação da Liga NOS é um trabalho que não deverá ser feito do dia para a noite, mas com tamanho investimento a pressão é crescente e a ausência de resultados correspondentes começa a gerar alguma preocupação, ao fim de oito jornadas.
VASCO SEABRA SOB PRESSÃO, DEPOIS DE SÓ TER GANHO… AO BENFICA
O futebol é pródigo em surpresas e, de facto, por vezes apresenta-nos dados incríveis e difíceis de explicar. Ora, ignorando (para o efeito) a vitória em prolongamento ao Vizela na Taça de Portugal, se cingirmos a análise a jogos da Liga NOS, o Boavista tem um recorde muito pouco simpático para as suas novas ambições.
No saldo de uma vitória, quatro empates e três derrotas, o destaque terá de ir para a incrível vitória de 3-0 diante do Benfica, de Jorge Jesus, naquela que foi, sem sombra de dúvidas, a melhor exibição da equipa de Vasco Seabra nesta temporada desportiva.
O Boavista conta com a presença de alguns valores muito interessantes no plantel, com destaque para Angel Gomes, jovem criativo que tem confirmado no Bessa boa parte do seu largo potencial, mas também para a consistência demonstrada pelo lateral norte-americano Reggie Cannon.
Isto sem esquecer a presença de jogadores de grande experiência internacional, como Javi García, Adil Rami ou Sebastian Pérez.
No entanto, a equipa nem sempre tem conseguido apresentar uma dinâmica ofensiva de acordo com as expectativas (e até do que já mostrou, a espaços, neste campeonato), além de já ter, por variadas vezes, colocado a nu alguns problemas defensivos graves.
Indícios de que algo necessita mudar no Estádio do Bessa, sendo que o próprio Vasco Seabra já foi confrontado com a possibilidade de ter o lugar em risco, após nova perda de pontos na Liga NOS, frente ao Belenenses (0-0), na última jornada.
Nada que tire o sono ao antigo treinador do Mafra, que, a avaliar pelas declarações, mantém total confiança nas suas capacidades para dar a volta à situação:
«Sinto em risco a vontade de deixar em risco os adversários. O treinador tem sempre o lugar em risco e isso nunca será uma preocupação. Estou focado em trabalhar todos os dias com muita força e garra, para que os jogadores mostrem raça e determinação».
TROPEÇO EM VILA DO CONDE PODE SER DETERMINANTE
Depois do sétimo jogo sem vencer em oito partidas de campeonato, avizinha-se tarefa complicada para a equipa do Boavista neste próximo fim-de-semana.
No domingo, a ‘Pantera Negra’ viaja até Vila do Conde, onde irá defrontar o Rio Ave, outra equipa que aponta à luta pela qualificação europeia e que tem estado aquém das expectativas.
Na Betano, a vitória do Boavista cotada a 4.05 representa bem a dificuldade teórica da missão axadrezada, cujo novo falhanço poderá vir a revelar-se determinante para uma tomada de decisão quanto ao futuro de Vasco Seabra.
Caso não consiga somar os três pontos (o que, para as casas de apostas, até é o cenário mais provável) nos Arcos, Seabra até poderá não receber guia de marcha automático, mas certamente ficará debaixo de uma autêntica panela de pressão, muito difícil de lidar.