Apesar da maior oposição desde que é presidente do clube da Luz, Luís Filipe Vieira venceu confortavelmente (62,59%) o ato eleitoral da última quarta-feira, que marcou a maior participação de sempre num clube em Portugal. O presidente do Benfica parte para mais um mandato vigente por quatro anos, os quais diz ser os últimos à frente dos destinos da instituição.
MAIS DE 38 MIL SÓCIOS VOTARAM: LFV REELEITO CONTRA NORONHA E GOMES DA SILVA
O recorde anterior detido pelo Benfica de sócios votantes para a eleição dos órgãos sociais da presidência do clube remontava a 2012, com cerca de 22 mil participações.
Na última quarta-feira, 38.102 sócios votaram, entre o voto em sistema eletrónico (com foco para o exterior de Portugal Continental) e 25 meses de voto espalhada pelas Casas do Benfica de todo o país.
As urnas no Pavilhão da Luz abriram às 08h00 de quarta-feira e o último sócio a entregar a sua contribuição votante fê-lo no Seixal, já o relógio rondava as 02h00 da madrugada de quinta-feira.
Já a noite ia tardia quando os resultados foram, finalmente, conhecidos: Luís Filipe Vieira (Lista A) recebeu 62,59% dos votos totais, João Noronha Lopes (Lista B) ficou com 34,71% das preferências dos sócios, com Rui Gomes da Silva (antigo vice-presidente com Vieira e cabeça da Lista D) a recolher apenas 1,64%. Os votos em branco representaram 1,06%.
Uma vitória clara de Vieira, mas com a pior percentagem de sempre desde que está na presidência encarnada (2003) – registo ao qual junta, curiosamente, o maior número de votos de sempre.
Um reflexo da força da oposição (como nunca havia acontecido nos últimos 17 anos), que teve em Noronha Lopes a sua face mais visível, e da massiva participação.
Realce para a histórica adesão dos sócios benfiquistas, em tempos de pandemia e em dia de semana, que deram um exemplo de militância ativa, num sinal claro da vivacidade do clube e da vontade dos sócios de se fazerem ouvir, num período marcado por alguma desunião em torno das perspetivas atuais e de futuro para a política do Benfica.
ÚLTIMO MANDATO DE VIEIRA COM VISTA À “SUCESSÃO” DE RUI COSTA
Após a confirmação oficial de um resultado já esperado na véspera, Luís Filipe Vieira tornou a reforçar a intenção de deixar a presidência do Benfica findo este mandato de quatro anos.
Nas mudanças realizadas na composição dos órgãos sociais, destaque para a nova função de Rui Costa, até então administrador da SAD e diretor desportivo do Benfica, funções que passará a acumular com as de vice-presidente.
Em declarações prestadas no período pré-eleitoral, Vieira já apontou o antigo “número 10” do Benfica e da Seleção Portuguesa como o homem ideal para pegar na pasta da presidência, dentro de quatro anos, assim os sócios entendam.
Em relação à possibilidade de vir a ascender à presidência do clube encarnado, Rui Costa aceitou falar aos jornalistas:
«Não faz sentido estar a pensar numa coisa que pode vir daqui a quatro anos quando o presente é de tamanha importância para o clube. Não vou estar nunca à frente do Benfica, só farei aquilo que me sinto capaz de fazer e, neste momento, sinto-me capaz de ser vice-presidente do clube e ajudar para que seja cada vez maior».
AMBIÇÃO DESPORTIVA (COM EUROPA NO HORIZONTE) ACIMA DA FINANCEIRA PARA MANTER?
Foi muito discutida ao longo dos últimos meses a opção da SAD benfiquista optar por um investimento histórico no último mercado de transferências, tendo em vista o reforço do plantel principal da equipa de futebol.
Pouco tempo antes das eleições, ao contrário do que sucedeu anteriormente (com destaque para a oportunidade que o Benfica teve para alcançar um histórico “penta”, cujo desperdício é um dos focos da crítica dos apoiantes da oposição a Vieira), o Benfica investiu perto de 100 milhões de euros em jogadores (Darwin Núñez foi o mais caro de sempre), já para não falar dos mais de 20 milhões gastos para recontratar Jorge Jesus e a sua equipa técnica.
Com a “marcha-atrás” dada a entender pela contratação do ex-treinador do Flamengo, Luís Filipe Vieira parece partir para os alegados últimos quatro anos como presidente do Benfica com um objetivo claro: ganhar dentro do campo.
Foi, aliás, com essa promessa que o presidente das “águias” conseguiu convencer Jorge Jesus a regressar a Portugal, tendo sido mesmo o treinador de 66 anos a assumi-lo publicamente recentemente.
Ao objetivo anual de ganhar o campeonato português (perdido para o FC Porto em dois dos últimos três anos), o Benfica juntará a ambição de reforçar o seu estatuto europeu, tendo uma boa oportunidade no “falhanço” da Liga dos Campeões para dar passos firmes nesse sentido.
Na Liga Europa, o clube da Luz terá uma maior oportunidade de chegar a uma possível final e vencer.
Para já, o Benfica entrou a todo o gás na sua competição de clubes da UEFA, tendo somado a segunda vitória, esta quinta-feira, diante do Standard Liège (3-0), em jogo marcado pelo regresso do público as bancadas do Estádio da Luz cerca de oito meses depois.
A equipa de Jorge Jesus volta a entrar em campo na próxima segunda-feira, pela 6.ª jornada da Liga NOS. No Estádio do Bessa, o Boavista surge com odds de 10.00 para vencer um jogo onde o Empate paga a 5.35 e a vitória do Benfica a 1.26, na Betano.